Discursos sobre o Não Dito é uma programação, com curadoria de Eugênio Lima, José Fernando Peixoto de Azevedo e Leda Maria Martins, que convida artistas e pensadoras de distintas áreas do conhecimento a refletir sobre os desdobramentos da escravidão negra, a imagem da “negritude” e as formas do racismo no Brasil e no mundo.
Para falar desses temas, esta mesa, ocorrida em 2016, reúne a escritora Ana Maria Gonçalves, o cientista político Luiz Felipe Alencastro e o músico sul-africano Neo Muyanga (que encenou, nesta edição, o espetáculo “Revolting Music”), mediados por Leda Maria Martins.
Ana Maria Gonçalves é escritora.Trabalhou com publicidade até 2001, quando escreveu “Ao Lado e à Margem do que Sentes por Mim (2002), e depois “Um Defeito de Cor” (Record, 2006), ganhador do Prêmio Casa de las Américas (Cuba, 2007). Já publicou em Portugal, Itália e nos EUA, onde ministrou cursos e palestras sobre relações raciais e fez residência em universidades como Tulane, Stanford e Middlebury. Mora em São Paulo, onde escreve também para teatro, cinema e televisão.
Luiz Felipe Alencastro é historiador e cientista político, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas e professor emérito da Universidade Sorbonne (França). Tem experiência na área de ciência política e história, com ênfase em história do Brasil, atuando principalmente nos seguintes temas: Brasil, Angola, Atlântico Sul, escravismo, sistemas políticos, história econômica e história cultural. É autor de obras como “Histórias da Vida Privada no Brasil” e “O Trato dos Viventes”.
Neo Muyanga é compositor, com formação musical clássica, e ativista. Ele estudou a tradição dos madrigais italianos com o maestro Piero Poclen, em Triste, na Itália. Nos anos 1990, ele cofundou o duo acústico pop BLK Sonshine, com Masauko Chipembere, conquistando projeção dentro e fora da África do Sul. Em seu trabalho, mergulha nas fronteiras híbridas entre a música e o pensamento, transitando por gêneros tradicionais e contemporâneos. No espetáculo “Revolting Music”, Muyanga explora o inventário da canção de protesto, desconstruindo os hinos que povoaram a memória colonial e os lamentos que acompanharam a luta armada anti-apartheid da África do Sul.
Leda Maria Martin é poeta, ensaísta e dramaturga. Doutora em Letras – Literatura Comparada pela UFMG, é mestre em Artes pela Indiana University, Estados Unidos, tem pós-doutorado em Performances Studies pela New York University, Tisch School of the Arts, Department of Performance Studies. É professora aposentada da UFMG e foi professora visitante da New York University, Tisch School of the Arts em 2010. É autora de vários livros, capítulos de livros e de ensaios publicados no Brasil e no exterior, como “Cantiga de Amares”, “O Moderno Teatro de Qorpo Santo”, “A Cena em Sombras”, “Afrografias da Memória”, “Os Dias Anônimos”, e “No Prelo: Performances do Tempo Espiralar”. Também é rainha de Nossa Senhora das Mercês do Reinado de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá, Belo Horizonte.