O Fórum Descolonização: os Desafios de quem Vive em Estado de Emergência, que aconteceu na MITsp 2019, reúne artistas e pesquisadores que indagam, cada qual com base em suas experiências, como a arte lida – ou deixa de lidar – com os processos de descolonização.
Nesta mesa, a filósofa indígena Cristine Takuá e as artistas Janaína Leite, Mirella Façanha e Renata Carvalho discutem – a partir de suas experiências em corpos femininos, negros, indígenas e transexuais – como é possível desafiar discursos hegemônicos e autoritários. A mediação é da performer e jornalista Maria Fernanda Vomero.
Cristine Takuá é filósofa, educadora e artesã indígena, vive na aldeia do Rio Silveira. Há mais de dez anos, estuda plantas medicinais e o direito à soberania alimentar, além de trabalhar com isso. Na comunidade do Rio Silveira, é professora da Escola Estadual Indígena Txeru Ba’e Kuai’ e também auxilia nos trabalhos espirituais na casa de reza. É fundadora e conselheira do Instituto Maracá e representante de São Paulo na Comissão Guarani Yvyrupa (CGY). Também é representante do núcleo de educação indígena.
Janaina Leite é atriz, diretora e dramaturgista. É uma das fundadoras do premiado Grupo XIX de Teatro e doutoranda na ECA-USP. Em 2008, deu início a sua pesquisa sobre o documentário e o uso de material autobiográfico em cena, resultando em diversos espetáculos e no livro “Autoescrituras Performativas: do Diário à Cena” (Editora Perspectiva). Seu espetáculo “Stabat Mater” venceu o Prêmio Shell 2020 de melhor dramaturgia.
Mirella Façanha é mulher negra, afroíndigena, gorda, sapatão, esclerosada. Pesquisadora de artes cênicas, graduada pela Universidade de Brasília e pela Escola de Arte Dramática da USP. Brasiliense que vive em São Paulo há sete anos, desenvolve em seu trabalho a relação política de seu corpo – desde seu tamanho, racialidade e sexualidade. Atriz e dramaturga do espetáculo “Isto É um Negro?”, é integrante do grupo E QUEM É GOSTA?, no qual intersecciona sua pesquisa em coletivo.
Renata Carvalho é atriz, dramaturga, diretora e transpóloga. Fundou o Coletivo T – primeiro grupo a ser formado integralmente por artistas trans em São Paulo – e o MONART (Movimento Nacional de Artistas Trans), que, em 2017, lançou o Manifesto Representatividade Trans. Em 2012, participou dos trabalhos “ZONA!”, “Projeto Bispo” e “Nossa Vida Como Ela É”, além de produções realizadas na televisão e no cinema. Atuou em “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” (que foi alvo de diversas censuras no Brasil) e “Domínio Público” (montagem que reuniu no palco quatro artistas brasileiros alvos de ataques em 2017). Seu espetáculo “Manifesto Transpofágico”, uma coprodução entre o Risco Festival, a Corpo Rastreado e a MITsp, estreou na Mostra em 2019.