Num diálogo entre o passado e o presente, o espetáculo discute a violência contra a mulher e evidencia como a voz feminina (em especial a da mulher negra) é historicamente silenciada dentro de uma sociedade machista e de mentalidade escravocrata. A coreógrafa e intérprete Jaqueline Elesbão costura uma narrativa essencialmente visual, quase sem palavras, que apresenta uma série de imagens e referências históricas. Em cena, a artista traz objetos como uma máscara de flandres – usada durante o período de escravidão brasileiro, para impedir que servos ingerissem alimentos e bebidas, e lembrada na imagem da serva Anastácia, submetida a sessões de tortura enquanto o artefato lhe cobria a boca. Alternando-se entre as figuras de vítima e algoz, Elesbão também expõe elementos religiosos e indumentárias femininas, como o sutiã e o salto alto, símbolos de liberdade e amarra do corpo da mulher.

Espetáculo registrado na Casa Charriot, em Salvador, em setembro de 2020

CLASSIFICAÇÃO: 18 anos
DURAÇÃO: 30 minutos


Jaqueline Elesbão é bailarina, negra, drag king, produtora e ativista das questões femininas, étnicas e causas LGBTT. É diretora do Coletivo Ponto Art, que desde 2011 se volta à criação de espetáculos e de ações culturais afirmativas. Desde sua estreia, em 2012, “Entrelinhas” passou por festivais como o Cena Brasil Internacional (RJ) e o FIT – Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (SP). A pesquisa do espetáculo se desdobrou em outros trabalhos do grupo, como a websérie “Vozes sem Medo” e o workshop Resiliência do Corpo-História, uma investigação de como a violência histórica social afeta o corpo negro feminino.


Coreógrafa e intérprete: Jaqueline Elesbão
Produção: Nai Meneses
Sonoplastia: Anderson Gavião
Iluminação: Robson Poeta
Confecção de Figurino: Luiz Santana