A conversa reúne o ator e diretor britânico Simon McBurney, que apresenta na MIT+ o espetáculo “O Encontro”, sobre um fotógrafo americano que se depara com uma comunidade isolada na Amazônia brasileira; a atriz, diretora e pesquisadora Gabriela Carneiro da Cunha, idealizadora do projeto Margens – Sobre Rios, Buiúnas e Vaga-Lumes, que estreou na MITsp 2019 o espetáculo “Altamira 2042”; e o cineasta indígena Takumã Kuikuro, diretor de obras como “O Dia em que a Lua Menstruou”. Eles conversam sobre seus trabalhos e pesquisas, sobre a relação entre as culturas de povos originários e do ocidente branco, sobre alteridade e escuta. A mediação é da jornalista, performer e pesquisadora Maria Fernanda Vomero. O diretor, dramaturgo e ativista Paul Heritage, que assistiu McBurney nas pesquisas para “O Encontro”, auxilia na tradução.

A conversa foi registrada em 15 de março de 2021 por videoconferência.


Simon McBurney é ator, escritor e diretor. É um dos fundadores da companhia Complicité, da qual é diretor artístico. Seus trabalhos incluem “A Flauta Mágica” (2013), para a De Nederlandse Opera, “O Mestre e a Margarida” (2011) e “A Disappearing Number” (2007). McBurney é também conhecido por obras como “Todos Eram meus Filhos” (com Diane Wiest e Katie Holmes, na Broadway) e “A Resistível Ascensão de Arturo Ui” (com Al Pacino, em Nova York). Como ator, McBurney já atuou em filmes como “Jane Eyre”, “A Duquesa” e “O Último Rei da Escócia”. Em 2009, foi premiado como melhor diretor no Yomiuri Theatre Award Grand Prize, pelo espetáculo “Shun-kin”. Em 2012, tornou-se Artista Associado no Festival de Avignon. 

Gabriela Carneiro da Cunha é atriz, diretora e pesquisadora, formada em artes cênicas pela Casa das Artes de Laranjeiras/ CAL. É a idealizadora do projeto Margens – Sobre Rios, Buiúnas e Vaga-Lumes, que, em 2015, estreou sua primeira etapa com a peça “Guerrilheiras ou para a Terra Não Há Desaparecidos”, com direção de Georgette Fadel. A segunda etapa deu origem à peça “Altamira 2042”, que estreou em março de 2019 na MITsp e rodou diversas cidades brasileiras e europeias. Na TV, Gabriela atuou em “Passione”, “Morde & Assopra”, “Em Família”, todas da Rede Globo, e na série “Beleza S/A” da GNT. No teatro, trabalhou com diretores como Ariane Mnouchkine, Georgette Fadel, Felipe Vidal, Ivan Sugahara, Celina Sodré, Isaac Bernart e Pedro Brício. No cinema, participou dos longas “Anna”, de Heitor Dhalia, “Breve Miragem de Sol”, de Eryk Rocha, “O Duelo”, com direção de Marcos Jorge, e “Jards”, de Eryk Rocha. Colaborou no argumento do curta de ficção “Igor”, dirigido por Eryk Rocha, que compõe o longa de episódios “Evasão Escolar”.

Takumã Kuikuro é cineasta. Integrante do povo kuikuro, ele cresceu na aldeia Ipatse, no território indígena Alto Xingu, no Mato Grosso. Ele integrou o programa da ONG Vídeo nas Aldeias e teve filmes de repercussão internacional, como “O Dia em que a Lua Menstruou”, “As Hiper Mulheres” e “Kariokas”. Em 2015, Takumã foi artista residente no People’s Palace Projects, com apoio da Funarte e do British Council. Com a residência, ele realizou o filme “Londres como Aldeia”, que foi exibido na aldeia Ipatse como parte da pesquisa do projeto The Art of Cultural Exchange.

Maria Fernanda Vomero é jornalista, performer e doutoranda em Pedagogia do Teatro pela Universidade de São Paulo (USP), com uma investigação sobre Artes Cênicas, processos artísticos e experiência política na América Latina. No mestrado, debruçou-se sobre as experiências teatrais realizadas na Palestina. Tem especialização em Documental Creativo pela Universitat Autònoma de Barcelona (UAB), Espanha. É curadora das Ações Pedagógicas da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp) desde a segunda edição do festival, em 2015. Tem atuado como provocadora artística em diversos coletivos teatrais da cidade de São Paulo desde 2014. Também é autora e intérprete de conferências performáticas, tais como “Quero Ser Sua Presidenta” (realizada no Memorial da Resistência, São Paulo, em 2018), “Eres Polvo y en Polvo te Convertirás – Refexiones sobre Derechos Humanos en las Américas” (apresentada em Santiago, Chile, em 2018) e “Piedras Rotas, Memorias Insumisas” (realizada em Oaxaca, no México, em 2019). Participou de uma residência artística em performance com o Grupo Teatral Deciertopicante, de Tacna (Peru), graças ao apoio do Iberescena – Fundo de Ajuda para as Artes Cênicas Ibero-Americanas, entre agosto e novembro de 2018. Como jornalista, passou pelas revistas Época São Paulo, Bravo! e Superinteressante, entre outras publicações.

Paul Heritage é diretor, dramaturgo, ativista e professor na escola Queen Mary, Universidade de Londres. Também é associado internacional do Young Vic, produtor associado do Barbican e conselheiro internacional do governo brasileiro no programa Cultura Viva. O comprometimento de Paul com as artes e os direitos humanos teve início durante os movimentos LGBT dos anos 1980 e 1990. Para o Gay Sweatshop, ele dirigiu “Paradise Now”, musical de Noel Greig e Richard Cole. Desde 1991, tem estreitos laços com o Brasil e cria projetos entre o país e seu Reino Unido natal. Como produtor, ele já trabalhou com o Grupo Galpão (no Shakespeare’s Globe Theatre), o Grupo Piolin e o AfroReggae (ambos no Barbican). Em 2006, criou o programa Favela to the World, em conjunto com o People’s Palace Projects, o Grupo Cultural Afroreggae, e parceiros britânicos. Entre 2014 e 2015, ele assistiu Simon McBurney na pesquisa, nas visitas e no contato com comunidades indígenas brasileiras – incluindo o cineasta Takumã Kuikuro – para a criação do espetáculo “O Encontro” (“The Encounter”), da companhia britânica Complicité.