Diante da urgente crise ambiental que atravessamos, agravada no Brasil pelas ações de devastação capitaneadas pelo governo federal, esta mesa reúne o líder político Ailton Krenak, a jornalista Eliane Brum e a diretora Gabriela Carneiro da Cunha. A mediação é da curadora e diretora Andreia Duarte.
O encontro pretende pensar não apenas a falta de políticas efetivas para a reversão do desastre ecológico iminente e do risco de extinção das atuais formas de vida, mas também as ações propositivas e de resistência, especialmente no campo da arte e da cultura, que estão em curso ou que ainda podem ser deflagradas.
Algumas questões são lançadas aos participantes: É possível pensar em ações que tensionem as fronteiras entre política e arte? O que queremos tornar visível? Como imaginar futuros diante da terra arrasada que vivemos? E, principalmente, como criar um futuro que seja comum e coletivo?
Devido a um imprevisto, o cofundador do Partido Verde Alemão Gerald Häfner, que integraria o debate, precisou cancelar sua participação.
A mesa foi transmitida em português com tradução simultânea para o inglês.
Ailton Krenak é um dos maiores líderes políticos e intelectuais surgidos durante o grande despertar dos povos indígenas no Brasil, ocorrido a partir do final dos anos 1970. Sua atuação tem sido fundamental para a luta pelos direitos indígenas e a criação de iniciativas como a União das Nações Indígenas e a Aliança dos Povos da Floresta. Também é pesquisador e escritor de textos publicados em coletâneas no Brasil e exterior – entre eles, “Ideias para adiar o fim do mundo”, livro brasileiro mais vendido da FLIP 2019. Ganhou o Prêmio Aristóteles Onassis ‘Homens e Sociedade’ (Grécia, 1990) e Doutor Honorário pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2015). No campo das artes, entre várias atuações, é cocurador do festival “TePI – Teatro e os povos indígenas” ao lado de Andreia Duarte.
Andreia Duarte é atriz, curadora e diretora artística. Morou cinco anos no Parque Indígena do Xingu com o povo Kamayura e, desde então, trabalha como aliada dos povos indígenas. É doutoranda na Universidade de São Paulo (USP/ECA), onde estuda o cruzamento entre o teatro e os povos indígenas como espaços de reinvenção da vida. É diretora artística da Outra Margem, com a qual realiza curadorias e produções artísticas, como o TePI – Teatro e os povos indígenas no formato de mostra artística e plataforma digital. Atuou no espetáculo “O silêncio do mundo”, com Ailton Krenak; e criou “Antes do Tempo Existir”, com Jaider Esbell, Denilson Baniwa e Zahy Guajajara. É cocuradora do livro “Teatro e os povos indígenas”. Para saber mais: www.outramargem.art
Eliane Brum é jornalista, escritora e documentarista, com 9 livros publicados aqui e no Exterior. Repórter mais premiada da história do Brasil, é colunista do espanhol El País e colaboradora de vários jornais e revistas da Europa e dos Estados Unidos. Seus livros mais recentes são “Brasil Construtor de Ruínas, um olhar sobre o país, de Lula a Bolsonaro” (Arquipélago, 2019) e “Banzeiro òkòtó, uma viagem à Amazônia Centro do Mundo” (Companhia das Letras, 2021), lançado neste mês de novembro. Vive em Altamira, na Amazônia.
Gabriela Carneiro da Cunha é atriz, diretora e pesquisadora. Há 5 anos desenvolve o “Projeto Margens – sobre Rios, Buiúnas e Vagalumes”, pesquisa de arte dedicada a ouvir e ampliar o testemunho de rios brasileiros que vivem uma experiência de catástrofe. Em 2019, estreou na Mostra Internacional de Teatro de São Paulo – MITsp, a performance-instalação “Altamira 2042”. Foi contemplada, entre outras, pela bolsa da Faperj de incentivo à criação artística, experimentação e pesquisa, Residência Oi Futuro Artsônica e Fundação Prince Claus e Instituto Goethe. Em sua carreira em teatro e cinema, trabalhou com diretores como Ariane Mnouchkine, Georgette Fadel, Cibele Forjaz, Grace Passô, Eryk Rocha e Heitor Dhalia. Em 2019 ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante no Festival de Cinema do Rio.